segunda-feira, 7 de julho de 2008

FESTIVAL INTERNACIONAL DE BONECOS











FESTIVAL INTERNACIONAL DE BONECOS
BONECOS DE CANELA

Anne Stein
Andrea De Paula
Priscila Borowsky

No PA Ambiente de Aprendizagem, com a professora Marita Redin, fomos visitar o 20 Festival Internacional de Bonecos na cidade de Canela. O evento ocorreu dos dias 12 a 15 de junho.
Em aula, aprendemos a fazer e trabalhar com bonecos. Os quais levamos para o evento no dia 14 de junho, onde a universidade nos disponibilizou um ônibus para a locomoção, saímos as 8 horas e passamos o dia assistindo aos espetáculos. Alguns gratuitos, outros com entrada diante pagamento (quem tivesse condições).
Canela viveu os 20 anos de Festival Internacional de Teatro de Bonecos, onde a cidade toda esteve suas ruas e praças decoradas e seus palcos preparados para receberem seus mais ilustres convidados: bonequeiros do mundo inteiro. Uma seleção dos melhores que estiveram nos palcos canelenses nos últimos 20 anos compõs a maior programação de todos os tempos do Festival, com quase cem apresentações de teatro de bonecos nas mais diversas técnicas, com peças que emocionaram, fizeram rir e chorar, com sátiras, humor negro, bonecos divertidos, descontraídos, que interagem com o público, brincalhões, enfim com bonecos das mais variadas formas que ganham vida nas mãos dos artistas manipuladores que fazem esta arte milenar atravessar continentes. Bonecos gigantes, bonecos minúsculos, bonecos lindinhos e delicados, outros rústicos, que quase assustam, bonecos feitos com o próprio corpo, com papel de bala, com material reciclado, com finos tecidos, com belíssimos cenários ou sem nenhum cenário, títeres da França, Espanha, Hungria, Inglaterra, Peru, Argentina e Brasil invadem Canela e transformam a vida do público por quatro dias em puro sonho e encantamento.


HISTÓRIA DOS BONECOS CANELA Em 1989, a Prefeitura de Canela e a AGTB ( Associação Gaúcha de Teatro de Bonecos), realizaram uma mostra de Teatro de Bonecos, como lançamento do 3º Festival de Teatro de Canela, evento de cunho nacional que trazia o melhor do teatro do Brasil e América Latina. Como o evento de Bonecos, que já havia acontecido um antes em Caxias do Sul, estava sem lugar definido para acontecer, a CODEC (Coordenadoria de Artes Cênica), órgão de Cultura do Estado, sob o comando de Jorge Carlos Appel e a prefeitura de Canela resolveram lançar o evento de Teatro com a mostra de Teatro de Bonecos. Num primeiro momento, a comunidade de Canela esperava por um evento infantil de fantoches, sem grandes expectativas em relação a programação e desconhecendo totalmente a arte titiriteira. Mas o que estava por acontecer era muito poderoso e viria mexer com toda a cidade e marcar, para sempre, o calendário de eventos de Canela. A primeira apresentação, no ainda tosco Cine –Teatro Marabá, cinema da década de 50, recém transformado em teatro em função do Festival de Teatro, foi do grupo Uruguaio “Títeres de Cachiporra” , com um espetáculo de manipulação direta e cortina de luz, em que formas coloridas voavam pelo palco, transformando-se em calhambeques, flamingos e figuras tão inusitadas quando mágicas. A reação do público foi de encantamento e espanto. Ninguém esperava ver aquele tipo de espetáculo, com tanta beleza e mágica. Foi então que, no sábado a noite, Canela se deparou com o espetáculo “GIZ” do grupo mineiro Giramundo . Foi quando nos demos conta de que o Teatro de Bonecos não se tratava de uma arte estritamente dedicada às crianças e muito menos era restrita a pequenos marionetes e fantoches. “GIZ” colocou no palco de Marabá bonecos brancos gigantes, que com sons guturais transcreviam situações cotidianas, com um forte traço político. Foi um grande impacto, uma emoção, uma descoberta! No final deste primeiro encontro em Canela, a Secretária de Educação e Cultura da cidade, Berenice Felippetti, confeccionou um chapéu de palha com hortênsias, representando a região, o trigo, lembrando o Estado e outros elementos e literalmente “tirou o chapéu” para os bonecos e bonequeiros que tanto haviam nos encantado, entregando-o a Antonio Carlos de Senna, responsável pela programação do evento e então presidente da AGTB. Neste ato, Canela deixou claro que passaria a sediar o Festival de Bonecos, que passaria a compor oficialmente o calendário de eventos do município. O Festival se realizou em 1990 e 1991, trazendo grupos do Brasil e América Latina, sendo reconhecido por todo o meio como uns dos grandes fóruns de debate sobre a arte. Mas foi 1992 que o evento abriu suas fronteiras Latino Americanas, trazendo grupos Suécia, França, Itália, Chile, Argentina, Uruguai , além de representantes do Pará, Ceará, Rio grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e rio Grande do Sul. Foi o Bonecos Brasil 92 –Canela, que englobava o XVI Festival Internacional de ABTB /Centro Unima Brasil e o V festival Internacional de Teatro de Bonecos de Canela. O evento ganhava uma nova e transformadora força na mídia, refletindo diretamente no número de público e no entusiasmo das platéias de todas as idades, que já lotavam as salas de espetáculo, formando-se grandes filas inclusive em sessões em altas horas da noite. Como convidados especiais, Canela recebeu Javier Villafane, o bonequeiro mais antigo da América Latina ( Argentina), Jacques Felix, Secretário Geral da Unima ( França), Margareta Niculescu, Diretora do Instituto Internacional de La Marionnatte ( Romênia) e Penny Francis, editora da revista “Animations” (Inglaterra). A partir daí, o Festival seguiu trazendo o melhor da produção nacional e internacional, servindo de inspiração para profissionais de diversas áreas artísticas e acadêmicas, bem como firmando-se como um grande encontro de criadores, diretores e técnicos. Grupos da Rússia, China, Japão, Estados Unidos e Europa tornaram-se freqüentes, oferecendo ao público uma grande diversidade de técnicas e momentos de beleza incomparáveis. Sempre se deparando com dificuldades financeiras, o Festival foi administrando recursos estreitos e humores diversos, até que, em 1999, a AGTB decidiu não mais realizar o Festival, alegando falta de recursos e a vontade de buscar outra sede para o evento. Canela não aceitou esta situação e deixou claro que continuaria realizando o evento, mesmo sem a parceria da AGTB. E foi assim que aconteceu o BONECOS CANELA 99, em meio a boicotes e pressões políticas. Neste ano, trouxe espetáculos da Itália, França, Argentina, Argentina, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina, Amazonas e Rio Grande do Sul. Estava inaugurada uma nova era na história do Festival. Com a saída da Associação, Canela contabilizou o evento de 1999 como sendo o décimo, já que o primeiro evento ocorreu em Caxias do Sul. Portanto, aquela era a décima edição em Canela, de Canela. Em 2000 o Festival voltou a crescer, trazendo atrações da Alemanha, Israel, Itália, Argentina e diversos estados brasileiros e nos anos seguintes foi se reestruturando e consolidando-se cada vez mais, profissionalizando suas equipes de trabalho, mantendo uma equipe coordenadora constante, que prima, até hoje pela excelência no tratamento técnico com os grupos convidados, pelo cuidado e atenção com o público e pelo capricho na escolha da programação. O Festival de Canela passou a fazer parte do circuito de Festivais, que em conjunto com o Festival de Belo Horizonte, começou a trazer os grupos internacionais em parceria, dividindo custos e propiciando a outros estados a visitas destas atrações. Esta parceria segue até os dias de hoje, com a inclusão do tradicional Festival de Londrina (FILO) o recém criado Festival de Florianópolis. Quando completou 15 anos, em 2003, o Festival recebeu dois prêmios muito importantes: O Prêmio “Líderes e Vencedores”, oferecido pela Assembléia Legislativa do RS, que destaca as grandes realizações do Estado e o troféu “Cultura 50 anos”, que ressaltou os eventos de destaque no Estado nos últimos 50 anos. O evento seguiu crescendo em público e em atrações, firmando-se como um dos mais importantes e o mais tradicional evento da América Latina, reunindo os grandes nomes do Teatro de Bonecos do Brasil e do mundo, funcionando como uma grande escola para artistas de todas as áreas. Em 2004, a Fundação Cultural de Canela criou seu “Teatro Experimental”, uma oficina permanente, ministrada pelo bonequeiro Nelson Hass, que passou a trabalhar de forma constante na formação de crianças e adolescentes. Na sua 19ª edição, já como preparação para a grande festa dos 20 anos, o Festival criou o “Bonecos do Chapéu”, coordenado por Nelson Hass e Beth Bedo, o Festival levou para as ruas de Canela cerca de 20 grupos do Brasil e exterior, que se faziam apresentações relâmpagos e que depois passava o chapéu, revitalizando este ato tradicional do Teatro de Bonecos e comum na Europa. Somando-se a tradicional programação de rua do Festival, sempre gratuita, criou uma efervescência sem precedentes. È importante registrar que, nestes 20 anos de evento, parte da programação infantil é dedicada às crianças da rede pública de ensino gratuitamente, para que se cumpra um objetivo básico: a formação cultural. No início de 2008, o Grupo Só Rindo (do bonequeiro Nelson Hass) e a Fundação Cultural de Canela ganhou do Governo Federal o “Ponto de Cultura Bonecos Canela”, que alinhado com o projeto “Bonequeiros Mirins”, da Prefeitura Municipal, intensifica e institucionaliza o resíduo cultural deixado pelo evento, atendendo de forma constante cerca de 70 alunos, entre crianças e jovens. E assim chegamos aos 20 anos: fortalecido pelo trabalho permanente em nossa comunidade, resguardado pela presença apaixonada de nosso público, reconhecido no Brasil, na América Latina e no mundo por toda a classe bonequeira, apoiado pelas instituições públicas e privadas e perpetuado, no coração de milhares de pessoas de todas as idades, por toda a beleza e a magia que distribui nestas duas décadas.

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